sexta-feira, 30 de abril de 2010

COMO BEM DISSE O JORGE



Como bem disse o Jorge, se o blog chegou até aqui foi graças a cada um de vocês, amigos leitores que, com seus preciosos comentários, vieram a se tornar, no decorrer deste primeiro ano, peça fundamental para o sucesso da ideia. Vários desses comentários foram de amigos pessoais, alguns anônimos e outros até mesmo desconhecidos. Mas todos eles recebidos com imenso carinho e satisfação.
E, justamente a estes amigos, dos quais lido mais diretamente, é que gostaria de me dirigir agora em nome do blog:

Amiga poetisa Soninha,
Quanta alegria ao ler seu primeiro comentário. E que bom que muitos outros vieram!
Jamais poderia imaginar que seria na simplicidade de um blog, que iríamos depois de tanto tempo, poder trocar prazerosas ideias. Quanta lembrança boa daqueles tempos de colégio. Brigadão pelas palavras. Pode acreditar que ficarão eternamente gravadas no fundo do coração.

Grande Cláudio Meimos! Verdadeiro Mito! Goleador nato de nossas inesquecíveis peladas de fim de semana. Eterno capitão do time dos “Véi”.
Alegria imensa, ao ler seus inteligentes e hilariantes comentários.
Legal também foi trazê-lo diretamente daquelas memoráveis manhãs de domingo para um descontraído bate-bola no nosso Blog.
Abraço forte, amigo!

Que bom também que esta nossa ideia maluca nos trouxe, diretamente daqueles bons tempos de juventude, nosso amigo MAZOLA. Por sinal grande instrumentista, compositor e cantor.
Seus comentários em muito nos divertiram. Valeu muito cara. Some não!

Cunhado Hélcio,
Seus preciosos comentários, juntamente com os da querida irmã, vieram no decorrer deste primeiro ano, nos deixar muito felizes. Diria até que este blog tem um pouco das mãos de vocês dois.
Jamais me esquecerei daquela agradável surpresa que me fizeram, ao editar, com muito carinho, um pequeno livreto com todos meus escritos. Confesso que fiquei orgulhoso pra caramba!
Ano passado, ao folheá-lo, é que me surgiu a primeira idéia deste trabalho na Net. Brigadão por tudo!

Querida prima Josemi,
Foi muito legal fazer de sua mensagem um belo comentário. Por sinal comovente e muito especial pra mim. Ficarei aguardando outros mais.
Carinhoso abraço!

Nobre amigo rubro-negro Sabones,
Volto a repetir o que disse pra você certa vez: “Faço de seus comentários o termômetro de nosso blog”. Você é um artista nato. Pessoa de rara inteligência e de senso de humor incrivelmente aguçado e contagiante. O blog é nosso!

Amigão Edalmo,
Valeu à pena, mas, depois de muito insistir, consegui enfim, trazer o amigo “Vaiscaindo” até o blog. Amizade sincera da qual muito me orgulha.
Confesso que fiquei muito feliz com seus comentários. Continue por perto
Abraço, irmão.

Diretamente daquela época mágica, onde uma juventude feliz fazia, da pracinha do Botafogo, seu QG, o blog, nos trouxe também a amiga Rosane.
E que legal foi sentir, já no seu primeiro comentário, que este amor pela terrinha está cada vez maior.
Ficamos felizes ao ver que a amiga tem feito boas viagens com a lembrança nesta nossa nave maluca.

Só mesmo o blog para nos trazer o simpático amigo Marquinho Lobão.
E como foram importantes para nós seus divertidos comentários no inicio do blog.
Brigadão por tudo!

Amigos Leomarcio e Rubinho Alves,
Dois irmãos e autênticos artistas da locução que, com suas vozes privilegiadas, vêm encantando a todos. Em muito nos honraram os comentários de vocês.

Cléa,
Emocionante receber um comentário seu vindo de tão longe.
Ficamos felicíssimos em saber que a estimada cunhada, além de estar se divertido bastante, segue matando saudades da querida terrinha pegando carona em nosso blog. Que bom!
Aquele abraço carinhoso em todos da família.

Fernanda,
Somente dias atrás, através do primo Dantinho é que fui realmente saber de quem se tratava.
Que bom que esteja também curtindo nosso blog. Ficamos honrados e felizes.
Foi muito legal quando, ao interagir conosco, veio lembrar fatos interessantíssimos.
Valeu mesmo e que venham outros mais.

Grande Claudinho!
Outro rubro-negro apaixonado. Dos memoráveis batuques de final de ano até nosso blog.
Brigadão pelo comentário!

Representando os distritos e aqueles bons tempos de infância, nosso correspondente internacional Vicente, também nos presenteou com seus descontraídos comentários.
Grande abraço!

Zeleno,
Bom te ver sempre! Legal que tenha descoberto nosso blog.

Carlinho Caçador!
Óóóóóó! Jamais me esquecerei este famoso grito de guerra!
Legal que esteja acompanhando nosso blog e brigadão pelo comentário.
Valeu mesmo!

Dorinha,
A você faço um agradecimento todo especial. Nem seria preciso dizer, mas tem sido pra mim, desde o inicio do Blog, a companheira fiel e inspiração pra tudo que escrevo.
Faço de sua presença, e de seus doces e sinceros comentários, sempre meu norte.
Beijos!

Pra terminar, não poderia deixar também de fazer um agradecimento sincero aos inúmeros amigos que estiveram sempre em contato conosco, através de e-mails, telefonemas e mesmo pessoalmente.

Brigadão a todos
Em nome do blog
serjão

Pegando uma carona nos agradecimentos do Serjão, quero agradecer também ao meu amigo Sylvio e meu irmão Brandão, aqui de Juiz de Fora, ambos artistas, incentivadores e iluminados. E, finalmente ao meu filho Tássio que me deu orientações técnicas, pois sabe tudo de informática exceto, naturalmente, qual a semelhança entre um i-corvo e uma i-escrivaninha.
jorgemarin

quarta-feira, 28 de abril de 2010

EFEITO BORBOLETA



(Crônica - Jorge Marin)

Noite escura e chuvosa em São João, o vento descia a Rua do Sarmento, fazendo bater janelas e assustando uns poucos clientes que teimavam em ficar papeando no Bar Central. Do outro lado, em frente ao Correio, e até a Praça do Coronel, também não havia viva alma. Era como se o vento, passando veloz, houvesse varrido das ruas, todo vestígio da civilização humana. O Cebolinha era um deserto e, no Bar do Tchan, também vazio, alguém guardava uma penca de bananas debaixo do balcão.
Como os jovens gostam de andar em bando, era de se supor que ninguém saísse de casa, pois era melhor ficar assistindo à novela Locomotivas, do que se aventurar por aquelas ruas com um aguaceiro prestes a cair. Quem era louco de sair? Mas, tem sempre um. Dois no caso: Serjão Missiaggia e Jorge Marin. Os dois se encontraram ali na avenida Zeca Henriques, como sempre faziam e, a despeito do mau tempo, e do vento, e da solidão da noite, foram cumprir sua missão noturna diária.
Bons amigos, iam falando de tudo: das meninas, das garotas, das gatinhas, além do último número da revista Homem (era como se chamava a revista Playboy naquele tempo) que trazia, na página central, as gatas do programa Planeta dos Homens. Ah, finalmente, falavam também do Botafogo, aquele super-time com Osmar Guarnelli, Mendonça, Mário Sérgio, Rodrigues Neto, Nilson Dias e Paulo César Lima.
Resumindo: apesar do paisagem sinistra, com os dois amigos tudo era só alegria e muita conversa interessante. Embora o destino dos dois fosse a Praça Carlos Alves, havia um ritual a ser cumprido e ambos seguiram caminho rumo à Praça do Coronel, passaram em frente à casa do Dr. Nagib, desceram em frente à casa do Dr. Írio e assobiaram para os patos, até chegar na Rua Duque de Caxias, onde desceram rapidamente, pois já estava começando a chuviscar.
Chegando à praça, caminharam rapidamente para cumprir sua missão: o destino era a Sinuca do Pintinho. Lugar meio reservado, nos fundos da União, onde, ao contrário da Sinuca do Cida – repleta do playboyzinhos e coroas – encontravam-se os homens, homens de verdade, policiais, caminhoneiros, malandros e uns tantos pinguços que apareciam e eram enxotados pelo sempre respeitado Ronald Pinto.
Mas o que dois rapazes, como o Serjão e o Jorge faziam num lugar daqueles, onde o jogo era “a valer” e os campeões apostavam para ganhar dinheiro? Por mais de uma vez, seu Tuninho e seu Irenio chamaram os filhos para uma conversa, dizendo que aquele lugar não servia para eles, mas os dois, como bons adolescentes saindo da adolescência, eram rebeldes, tinham a sua mesa, justamente aquela na qual ninguém gostava de jogar e brincavam, simplesmente brincavam pois mal tinham dinheiro para pagar uma hora de jogo.
Naquela noite, no entanto, tudo seria diferente. Chegaram correndo, já meio molhados, e não havia ninguém, exceto o fiel dono do estabelecimento. Como não havia jogadores, foi permitido que os jovens utilizassem a mesa principal, onde os apostadores jogavam, pegaram também os melhores tacos e iniciaram a partida, sob os reflexos dos relâmpagos e o barulho cada vez maior dos trovões.
Pintinho se admirava: jamais podia imaginar que aqueles dois rapazolas jogassem de uma forma tão correta e espantosamente corajosa. Tão corajosa que uma bola dois, tacada pelo Serjão, voou da mesa e passou a centímetros do seu nariz. Serjão deu aquela tradicional limpada de garganta, foi lá, pegou a bola, e recomeçou a partida. Para compensar a lambança, deu uma sinuca no amigo Jorge. Este, inabalável, anunciou:
- Vou sair da sinuca, e ainda vou matar aquela bola cinco, lá na caçapa do fundo!
Aquilo era insano, sair da sinuca de bico talvez ele até conseguisse, mas matar a bola cinco era impensável, inatingível. Jorge pegou o taco, concentrou-se e, quando ia dar a tacada, um relâmpago iluminou a sala e um trovão explodiu: a luz se apagou. Ainda assim, guiado por seus instintos, Jorge tacou no escuro. Naquele breu, tudo o que se ouviu foi o barulho da bola tocando na tabela, depois tocando outra bola, e o silêncio. Todos ficaram paralisados, inclusive o Pintinho que, instintivamente levou a mão ao rosto, temendo levar nova bolada.
O blackout durou uns dois minutos, Serjão pedia ao Jorge que desencostasse da mesa, mas este continuava de pé, com o taco na mão.
A luz voltou, trinta e dois anos se passaram. Num dia 11 de abril de 2009, Jorge, que não tinha contato com Serjão há uns quinze ou dezesseis anos, recebe o seguinte e-mail:
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Grande Dr. Gregório! Ô home difícil de achar sô!
Abraços em todos da família.

Pra inicio de conversa, continuo reafirmando que aquela tacada na bola cinco foi vergonhosamente roubada, e que você a empurrou com a mão quando a luz se apagou. Pena que o Pintinho (proprietário) faleceu, pois era até então minha única testemunha.
Mas, deixando as diferenças do passado de lado, vamos logo ao assunto:
Não sei se terá saco pra ler, mas, sempre que puder, procure ir dando uma olhadinha nesta história que escrevi do Pitomba ( anexo).
... Contarei com a ajuda dos demais componentes.
Tenho também, na integra, a história do Disco Voador, da Bomba e da Fábrica Mal-Assombrada.
Como não poderia deixar de ser, acredito também na grande possibilidade de cada um de nós possuirmos um pequeno acervo referente ao Grupo. Ex: fotos antigas, gravações, objetos etc.etc.etc.
... quem sabe, não abriríamos um SITE do Pitomba? Não sei como a coisa funcionaria mas, se desse certo, seria uma bela página na NET com vários LINKS contendo toda nossa história.
Na verdade, esta idéia surgiu mesmo em circunstância de um sonho que tive com o Pitomba. (anexo)

Depois falaremos mais. Foi muito bom te ver

Serjão
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Assim, há um ano, nascia o blog. Perguntas: e se aquela bola cinco não tivesse caído na caçapa? E se a dupla de amigos não tivesse saído naquela noite?
Segundo Edward Lorenz, em sua Teoria do Caos, o bater da asa de uma borboleta no Oceano Pacífico pode gerar um tufão do outro lado mundo.
Aqui a coisa foi mais fácil, pois uma queda de energia da Força e Luz, gerou, trinta e dois anos depois, um blog que, à semelhança do bater das asas de uma borboleta, pretende ser leve e atual, mas produzir um efeito em quem o visita: o de amar o presente porque é o resultado de uma vida muito bem vivida.
Parabéns para nós todos!

SER FELIZ



Concordo com o Serjão, quando ele diz que não há como não questionar o passado, porém, não sei se a palavra certa seria questionar. Talvez... refletir o passado.
Quanto às oportunidades perdidas, pergunto:
- Será, que de fato, foram perdidas?
Seriam elas gratificantes? Cada decisão tomada na vida pode, realmente, mudar uma trajetória na nossa vida, mas quem nos garante que seria para melhor?
A vida, eu sei, é feita de consequências. Mas o resultado futuro ser avaliado como sendo melhor ou não, não há como. Por isto, disse em outro momento que devemos refletir, sim, o presente, procurar acertar, procurar o que para nós, pelo menos naquele momento, achamos ser o melhor, mas avaliar os resultados futuros, é impossível. Prudência faz parte destas decisões... mas, quando jovens, nem sempre o somos.
Todos nós temos nossas limitações , nossos medos. Portanto, mesmo com nossas melhores intenções, podemos estar fazendo escolhas acreditando ser as melhores e na verdade, podem não ser. Afinal, o que é o melhor? O melhor para mim, pode não ser o melhor para o outro e vice-versa.
Acredito que foi esta a sua conclusão, Serjão. Vejo que você descobriu o "ser feliz" e isto é o que importa. Descobriu sua missão e que nela, a todo instante, a mão de Deus esteve presente; e isto desde o seu nascimento até o momento atual.
Que bom!
Você escreveu: -"Dá liberdade ao Pai para que Ele mesmo conduza a trama dos seus dias..."
Esposo e pai dedicado, irmão maravilhoso, amigo sem igual, homem honesto, de rara percepção e inteligência, bom contador de "causos", alegria e modelo para os filhos e esposa, amado pela família, trabalhador, membro do grupo Pytomba, amante do futebol , dos de penas, da boa música e agora... até escritor! Louvado seja Deus!
Nosso primo Cavalheirinho, quando esteve em São João a última vez que aí fui, comentou comigo:
"-Feliz o homem que consegue constituir família e sobreviver no mesmo local em que nasceu. São tão poucas as pessoas que conseguem isto!"
E fez menção a você dizendo:
"- Olhe o Serjão, feliz é ele. São poucos, hoje em dia , que conseguem o que ele conseguiu."
Para nós que tivemos que sair de São João (alguns saem porque querem sair mesmo) o que você conseguiu é considerado uma graça de Deus.
Fico pensando no nosso pai Tuninho. Nunca vou me esquecer das inúmeras vezes em que o ouvi dizer:
"- Eu sou muito feliz, tenho tudo, graças a Deus, que eu quero. Minha casa, meus filhos maravilhosos, uma esposa que eu amo, genros, noras e netos, saúde e alimento. O que preciso mais? Posso me considerar um homem feliz.”
E repetiu isto até o final de sua vida. Lembremos que ele não pôde estudar, viajou pouco, saía de casa quase somente para um futebol , trabalho , Igreja, casa de parentes ou ajudar alguém. Conclusão: era um homem simples. Mas, na sua simplicidade, soube ser feliz...
Descobriu a arte de ser feliz.
É isto aí meu irmão. O essencial é ser feliz!
Amo você.

Mika
22 de março de 2010 14:29

terça-feira, 27 de abril de 2010

VIVENDO OS BONS TEMPOS AGORA



É gratificante e comovente poder usufruir dessas lembranças que vocês estão compartilhando. Tecnologia a serviço da sensibilidade (e competência) do pessoal do Pytomba. Tenho 39 anos e não vivi a época das serenatas aqui em Juiz de Fora, mas sei da importância de viver experiências simples, como se sentir incluído em meio a bons pais, padrinhos, amigos e vizinhos. São fatos que vivemos e às vezes só mais tarde percebemos como foram marcantes e delicados.

Poder compartilhar tempo cultivando convivências e música para si e para os outros; pessoas que nos incentivam e prestigiam com pequenos atos cotidianos, vizinhos que não reclamam de música na varanda ou calçada; ruas onde podemos andar com tranquilidade; um café, chocolate quente ou blusa que nos oferecem e às vezes esquentam o corpo e a alma, enquanto conversamos com pessoas que nos são importantes ou apreciamos; momentos que tem um outro significado quando o vivemos sozinhos; improvisar soluções simples que atendam às nossas necessidades e que possibilitem uma vida com satisfação e personalidade.

Não devemos transformar isso apenas em saudosismo pois, em parte, podemos fazer com que estas sensações aconteçam hoje com nossas famílias e amigos, talvez de forma um pouco diferente, mas com a mesma essência ou muito próximo dela. Os “bons tempos” não estão apenas no passado, estão onde nós os fazemos! Lembrarmos de coisas boas do passado nos dá a chance de colocá-las em prática novamente no presente.

Sermos pais, padrinhos (pais reservas ou estepe de pais “oficiais” ou emocionais) de alguém, ou amigos mais atenciosos é só uma questão de prioridade. Tempo e dinheiro são recursos importantes e é bom pensarmos em como gastá-los agora e no que irão render no futuro. Fica difícil interferirmos no coletivo, como tornar as ruas tranquilas ou os vizinhos compreensivos, mas não impossível. Prefiro acreditar que, mesmo sem perceber, ter disponibilidade com o outro, se interessar pelo vizinho do apartamento ou casa ao lado de vez em quando, gastar um tempo na rua com alguém que parece precisar de ajuda, faz a diferença em transformar o mundo em que vivemos em um mundo menos árido. É lançar sementes que julgamos boas por onde passamos, algumas irão germinar, outras não encontrarão solo fértil e irão morrer, mas se tivermos a satisfação em fazê-lo, já valeu a pena.

Sylvio.
30 de novembro de 2009 13:40

segunda-feira, 26 de abril de 2010

NAUFRÁGIOS



Na casa grande quando chovia
Eu dobrava os papeis não escrevia
Apenas meus barquinhos construía

Tudo para brincar no lago da colina
Como aquele do jardim interno
Ladeado de varandas dos austeros

Depois mais tarde eu escrevi
Que pouco importava ao menino
A ostentação das grandes embarcações
Muito menos o cansaço dos inocentes
E a fuga dos veleiros covardes

Escrevi ainda...
Que ensejava viver como menino
Dentro do barco veleiro e a deriva
Pescando e passando o tempo
Na chuva e tocado pelo vento

Mas eu não contava...e assim acrescento
Que as tempestades fossem fortes
Que os meus ventos fossem uivantes pela dor

Mesmo assim sobrevivi a meus naufrágios
Por deixar a fraqueza morrer afogada
E por não ser covarde, persistente renasci
Mesmo quando a chuva me sufocava
Mesmo sem ar submerso nas lagrimas das tormentas
28 de novembro de 2009 20:39

José Carlos Barroso disse...
BARQUINHOS
DE PAPEL
Jose Carlos Barroso
05 de novembro de 2008


Chovia e eu dobrava papeis
Construindo meus barquinhos
Iniciando meus caminhos

Assim o homem se principia
Quando criança formando lagos
Nos jardins da colina.

Pouco importava ao menino
Os que ostentavam grandes embarcações
Muito menos o cansaço dos inocentes
E a fuga dos veleiros covardes

Ah! Se eu pudesse
Como homem viveria como menino
A deriva pescando e passando o tempo
Na chuva e com veleiros de papel
Tocados pelos ventos.
28 de novembro de 2009 20:42

sábado, 24 de abril de 2010

PENSANDO POR QUÊ PENSAR



Jorge inicia um texto com duas perguntas:
- "A vida é mesmo para ser pensada?"
-"Qual a utilidade de se pensar a vida?"

E eu fiquei com vontade de "pensar" a respeito. Você pensou para escrever não pensou? Nós pensamos, não há como negar. O homem é um ser pensante, não podemos fugir desta nossa condição. Faz parte do nosso ser. O Criador assim nos fez.
Acredito, no entanto, que nem sempre pensamos somente para avaliar o passado ou fantasiar o futuro. Pensamos porque somos pensantes. Pensamos porque precisamos pensar, analisar, refletir, meditar, aprender, louvar e tudo o mais. Pena é que nem sempre pensamos no que devíamos pensar e desperdiçamos tanta energia em coisas desnecessárias.

Quanto à sua pergunta : pensar altera o futuro? Não sei em qual "pensar" você está se referindo. Se é aquela "pré ocupação" que nos inquieta, angustia, tira nossa alegria e sono, acredito que em nada vai alterar. Só vai é complicar. Como disse o Senhor: "Não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã trará suas próprias preocupações" Mt6,24
Precisamos "pensar" nisto: ouvir e colocar em prática. Não digo que é fácil, mas é possível, porque Ele disse. Bom é quando nos deixamos guiar pelo Pai.
Não que devemos cruzar os braços e esperar que as coisas caiam do céu. Não. Precisamos fazer nossa parte. Deus pode fazer tudo por nós, mas não fará aquilo que compete a cada um de nós fazer.

Como disse você, a vida continua sempre... sempre...
Vivemos entre dores e alegrias e apesar da dor, às vezes, ser grande, a esperança nunca pode morrer. Não podemos perder de vista nossa vocação para o infinito. Acredito nisto. Vivamos, apesar das dores, com a esperança. "Pensemos nisto!"

Com carinho MIka
21 de março de 2010 19:04

sexta-feira, 23 de abril de 2010

AMIGO CAQUI DOS AMIGOS



(Crônica - Serjão Missiaggia)

Não sei por quê, mas resolvi repentinamente, falar um pouco sobre nosso pé de caqui. Este fantástico ser vegetal que, há quase vinte e cinco anos, vem nos fazendo companhia, virou mesmo um habitante ilustre de nosso terreiro.
Na verdade, um grande amigo que já fazia por merecer, há muito tempo, um pequeno espaço em minhas linhas.
Não bastasse, todos os anos, de janeiro a maio, religiosamente, nos presenteia com seus suculentos frutos. No inverno, época em que mais precisamos de sol simplesmente, desnuda-se, deixando cair toda suas folhas. No verão, quando mais procuramos por sombra, sua copa se veste de uma densa folhagem, proporcionando-nos assim, um frescor sem igual.
E, para completar, o coitado acabou virando pé direito de nosso galinheiro. Além de já ter exercido inúmeras funções nas mais diversas oportunidades: suporte para rede, varal e bebedouro de beija-flor e muitos outros. Serviu até de mastro, em memoráveis jogos decisivos do Brasileirão e Copa do Mundo quando, na oportunidade, fiz tremular, por várias vezes, minhas bandeiras do Botafogo e do Brasil.
Até numa colorida árvore natalina, por sinal super-decorada e iluminada, transformou-se certa vez.
Por último, não poderia me esquecer que, juntamente com o muro que nos faz divisa com o Geraldo Luiz, teria sido meu local predileto onde, nas saudosas festas de fim de ano, detonava meus tão esperados fogos de artifícios.

Falemos, então, um pouco de seu nascimento.
Tudo teria começado numa daquelas muitas viagens que Vô Tuninho e Vó Venina faziam, vez ou outra, a Belo Horizonte. Numa dessas viagens, momentos antes de retornarem a São João, dona Venina, após visualizar uma linda fruta exposta numa daquelas barraquinhas de rua, pede ao Vô Tuninho para comprá-la. Porém, há controvérsias.
Já numa segunda versão, possivelmente a mais confiável, alguns historiadores afirmam categoricamente que teria, na realidade, sido a Vó Venina presenteada por tia Carmen, com uma dessas frutas e que, como na primeira versão, tal fato teria ocorrido momentos antes de retornarem a São João. Nesta segunda versão, consta que Vó Venina teria embrulhado uma de suas sementes num papel guardanapo, pois sua vontade era de poder plantá-la tão logo chegasse de viagem. De qualquer forma, segundo suas próprias palavras, ela nunca havia provado uma fruta tão suculenta e saborosa.
Sô Tuninho, na verdade, não era nem um pouco a favor. Vivia alegando que o referido fruto seria de uma árvore um tanto grande para o tamanho do terreiro.
Assim, por vários dias, reinou a dúvida: planta? Não planta? Planta? Não Planta?
Até que, finalmente, dona Venina se daria por vencida pois, afinal de contas, mais uma vez, falaria mais alto a opinião do velho chefe.
Puro engano!
Numa bela manhã, ao acordar mais cedo, dona Venina, despistadamente, sem que ninguém percebesse, simplesmente foi sorrateiramente ao terreiro e, após fazer uma pequena cova, semeou aquela sementinha na parte mais nobre do canteiro.
E o tempo passou...
Numa tarde, enquanto sô Tuninho regava suas verduras, eis que se depara com uma pequena mudinha. Uma delicada muda que começava surgir imponente entre os pés de couve e alface.
Num primeiro impulso, ainda sem saber do que se tratava, foi logo arrancando.
Os dias se passaram e eis que, mais uma vez, no mesmo lugar, aparece novamente aquela insistente mudinha. E assim, como na vez anterior, simplesmente, foi arrancada.
Ao se repetir, pela terceira vez, o mesmo fenômeno, e já desconfiado e um tanto intrigado, comentou:
- Venina! Tem aparecido de uns tempos para cá uma mudinha no canteiro. Por sinal, danada de forte! Já a arranquei por três vezes e a danadinha sempre volta a brotar – concluiu.
Dona Venina, de antemão, já sabendo do que se tratava, ficou bem quieta. Somente mais tarde é que viria a contar-lhe a verdadeira historia. Mal sabia ela que, há muito, ele já havia descoberto e ficava se fazendo de bobo.
Enfim, ante tanta insistência, daquela ainda frágil mudinha e dos apelos incansáveis de dona Venina, sô Tuninho resolveu, num belo ato ecológico, dar uma chance àquele pequeno ser. Assim, dirigindo-se mais uma vez à dona a Venina, disse:
- Tudo bem! Você venceu!
E o tempo passou... Passou... E uma linda e frondosa árvore veio a se desenvolver.
Agora... Que a danadinha dá trabalho, ah! isto dá. Principalmente quando sua folhagem começa a cair. Diariamente, tenho que, durante uns três meses, ficar a varrer o terreiro e a encher sacos e mais sacos com suas folhas. Haja saco!
Não posso esquecer também de podar seus galhos. Ano sim, outro não. E tem que ser na “Primeira Lua Nova de Agosto”.
Mas... Tudo isso vale a pena. E como!
Na verdade, aqui em casa, somente a Dorinha saboreia seus lindos frutos. Paulinha e Matheus não ligam muito. De minha parte, infelizmente, procuro manter certa distância devido à instabilidade financeira, digo emocional, do meu intestino.
Por outro lado, pássaros de várias espécies nos visitam diariamente. Até canários e sabiás têm aparecido por estas bandas. Uma verdadeira sinfonia que, no despertar de cada alvorecer, parece querer nos dar um recado de que, apesar dos pesares, ainda vale à pena viver no interior.
Tenho uma lista de parentes e colegas que, prazerosamente, a cada colheita anual, são presenteados com algumas dezenas de seus frutos. Vinte e uma no total. O ano que esqueço de alguém é um Deus nos acuda. Razão pela qual, carinhosamente, apelidei a árvore de Caqui dos Amigos.
Várias pessoas já tentaram, de todas as formas, possíveis e impossíveis, plantar uma de suas sementes. Inúmeros também foram os métodos e locais experimentados. Cruzamentos, enxertos etc.etc.etc. Tudo em vão!
Não tenho conhecimento da existência de um pé sequer de caqui dessa espécie em São Jõao ou mesmo na região. Não sei qual a razão, mas é a pura verdade.
Muriqui, um velho amigo meu, por sinal pessoa um tanto metida a filósofo, apresentou certa vez a seguinte teoria: Titica de Galinha, ou seja, adubação natural devido à presença do galinheiro ao seu redor.
Entre tantas teorias malucas e infundadas, resolvi ficar mesmo com esta. Dei-me por convencido! Pelo menos, é a mais ecológica e de fácil compreensão.
E, por falar em Muriqui, nunca o havia visto lendo jornal. Acho até mesmo que mal sabe ler. Mas eu juro que vi: estava ele na calçada, numa daquelas imensas filas de campanha municipal para prevenção de doenças masculinas. Com um jornal aberto, na frente do nariz, aguardava ansiosamente sua vez para fazer exame de próstata.
Mas isso é uma outra história que, ficará para uma outra oportunidade.

De momentos, a gente fi... caqui!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

HELLO CRAZY PEOPLE!



"HELLO CRAZY PEOPLE!"

... Eu adorava o Big-Boy (ele morreu em 1977), e também trabalhei em rádio; e lá se usava discos de carnaúba, e de 78 rpm.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Big_Boy

Também fui funcionário das Casas Pernambucanas (crediário tentação), e o frio tentava bater lá em casa (“mas não adianta bater, eu não deixo você entrar...”).

Enfim, pontuei quase 100%. Tenho diploma de datilografia, usei pomada minâncura, supositórios, tomei muito Q-suco, Biotônico Fontoura, Elixir de bacalhau e de Scott, Elixir de Inhame...

E acho que esse foi o motivo de eu ter ficado enorme, um quase ator da Terra dos Gigantes, ou campeão de basquete de um metro e meio de altura... E Jorge Marin, que é meu fraterno amigo, sabe que eu não estou “a mentir”.

E se duvidarem, perguntem ao professor Massao Hata, de quem fui aluno... E viva National Kid!...

Um abraço,

Brandão, aquele que viu pela TV p&b, o homem chegar à lua, em 20 de julho de 1969 (homenagem a Santos Dumont, que nasceu em 20 de julho de 1873?...); e desde então encontra-se “perdido no espaço”.

Texto e Objeto ("Container")- César Brandão.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

CALMA E RISO



Nesta semana, iniciamos a contagem regressiva para o nosso primeiro aniversário. É gente, o Blog vai completar UM ANO! E é lógico que este feito só vai ser possível porque vocês, leitores, seguidores e comentaristas, ajudaram a construir esta realidade.
Por isto, queremos agradecer a todos e oferecer, para leitura, uma semana inteira de textos elaborados pelos próprios comentaristas. São textos marcantes que, muitas vezes, passam desapercebidos pela maioria daqueles que não têm o hábito, ou mesmo tempo disponível, para ler os comentários.
Saibam que o maior presente para quem escreve é receber um comentário, efusivo ou comedido, irado ou calmo (desculpem, esqueci que irado agora é elogio), ou apenas um texto que combina com o que foi escrito.
Por isso, agradecemos imensamente aos co-autores do Blog que, ao lado dos redatores que atuaram neste primeiro ano de vida (Serjão Missiaggia e Jorge Marin), trouxeram o principal elemento impulsionador do Blog: a motivação.
Obrigado, silvio heleno, Claudio Torres, Sylvio, Meimos, Daniel Velasco, Marcio, beto, Márcio Sabones, Raquel Picorone, Paulo Sampa, Claudinho, MAZOLA, Roseane Gonçalves, Dorinha, Vicente, Mika, Marialice, Sandra, Edalmo Marquiori, Claudinho, Brandão, Helcio Velasco, Paulo, Sônia, Antônio Carlos, Monsieur Paul, DAlminho, Jose heleno, fernanda, Cézar, Cléa, Dedé, Carlos Alberto, Marlene, Carla, Flávia, Cláudia, José Carlos Barroso, Sergio Murilo, Claudia, Leomarcio, Jose maria, Mariahelena, Paulinho, Luciana, Eliane, Julinho, Rosane, Soninha, JÔ, Heleno, e a todos que preferiram comentar anonimamente.
O primeiro texto é: CALMA E RISO...


De fato, Jorge,as informações são tantos, na época atual, que o ser humano corre sérios riscos de indigestão. " - O sol nas bancas de revistas... quem lê tanta notícia?..."
Necessitamos dela , é verdade, mas como necessitamos de palavRas amenas...suaves... Palavras que têm a capacidade de chegar ao interior de cada um de nós e pescar, lá no fundo, o peixe "... um peixe bom eu vou trazer..." que já estava lá há muito à espera de ser encontrado. Palavras, que como gotas de orvalho (com o calor de hoje eu diria que como goles de água mineral bem gelada) caem em nossas almas ressequidas e ardentes pelo calor das ilusões e enganos a que somos a cada instante submetidos.
Todos buscam a Sabedoria... todos caminham para ela, quer pela sua própria conta , quer, como geralmente acontece, impulsionados pela dor.
O blog de vocês é um convite amável e sereno a esta busca, na tão agitada vida de cada um. Cada texto tem a capacidade de acalmar e fazer rir.
Mas, rir de uma forma gostosa,infantil, benéfica. E isto é maravilhoso, pois nos faz renascer.
Ele nos mostra ou nos relembra o outro lado da vida, ou um outro modo de vida tão diferente do que temos visto na tão idolatrada mídia. Mostra-nos um lado pacificador, humilde, verdadeiro, puro e original, extremamente original, sem modismos e paradigmas.
Sábado é dia de ler o blog de vocês. Que bom. Sua leitura oferece-me momentos de alegria, tranquilidade e me faz muito bem!
Obrigada.

Mika
27 de fevereiro de 2010 18:18

sexta-feira, 16 de abril de 2010

ORIGENS



O BARRACÃO DO SR. ANGINHO - Capítulo Final

(Artigo - Serjão Missiaggia)

Ainda falando sobre as oficinas, quase que já ia me esquecendo de contar sobre aquela famosa fatalidade que aconteceu conosco quando pegamos uma TV para consertar. E que sufoco!
Tudo teria acontecido quando, numa época em que eu trabalhava com Silveleno, e a televisão de minha tia apresentou um defeito. De imediato, lá fui eu tentar vender nosso peixe, procurando fazer aquela super-propaganda da oficina.
Nesta época, minha tia estava acostumada com outro técnico mas, devido à minha insistência, consegui enfim, convencê-la: conserto rápido, técnicas novas, bons preços, etc etc... Foram apenas algumas das muitas justificativas que apresentei para mostrar que, optando por nós, seria o melhor negócio. E assim foi!
Tudo se procedeu na mais perfeita harmonia: pegamos a televisão, foi feito o conserto e a entregamos em tempo recorde. Tudinho além da expectativa e combinado.
Já no outro dia, quando estava em casa tirando meu cochilo após o almoço, comecei a escutar uma gritaria estranha vinda da rua. Levantei-me imediatamente do sofá e, chegando até a varanda, o que mais se via era gente correndo em direção à casa de minha avó. Até aí nada demais, se não fosse pelo simples fato de estar uma fumaceira danada saindo da janela, e já com imensas labaredas de fogo quase alcançando o forro de madeira do quarto. Aí pensei: danou tudo! E é na sala da televisão! Será? Não deu outra.
Com apenas um pulo, saltei o murinho da varanda e, chegando imediatamente ao local, só deu tempo mesmo de retirar minha vó de dentro do quarto. Isso sem antes, ao olhar pra trás, ver a chegada de um vizinho detonando seu extintor de incêndio naquele fogaréu. E que explosão! Quem poderia imaginar, naquela altura do campeonato, que o jato do extintor, em contato com o tubo de imagem, causaria tanto estrago. Perda total! Não sobrou um único parafuso sequer para contar a história. Pior foi a fuligem de borracha que se espalhou pela casa e, por muito pouco, não intoxicou a todos nós. Saímos tão chamuscados, que parecia que estávamos trabalhando numa mina de carvão. Para terem uma ideia, quase todos os cômodos tiveram que ser pintados novamente.
Mas, na realidade, tudo não teria passado de uma grande fatalidade, pois viemos a constatar posteriormente, que era um problema do flyback. Esta peça da televisão é, na verdade, um transformador que produz uma alta tensão de 25.000 volts que é aplicada no tubo de imagem para atrair os elétrons do canhão até a tela e esta acender. Pois bem, ao entrar em curto, o flyback passou imediatamente centelhas para a caixa de madeira, já não tão novas e com alguns carunchos. Por sinal, este defeito não teve nenhuma ligação com o anterior.
Já em casa, e bem mais calmo, pensei novamente: Deus escreve certo por linhas tortas, ou seja: e se eu tivesse passado Palum naquela caixa? Aí, meu amigo, não teria sobrado pedra sobre pedra.
Mas, enfim, lá está hoje a Grande Transtec. Fruto de um trabalho confiável, mesclado de conhecimento, tecnologia, competência e, acima de tudo, inteligência de seu criador.

Muitos dos fatos que vieram a acontecer posteriormente (adolescência) estão devidamente catalogados no início do Blog, como os ensaios do Pytomba, bailes no galpão, construção de bombas e muito, muito mais. Era ali que tudo acontecia.

Voltando às deliciosas pizzas, digo sempre que fico muitíssimo feliz quando retorno a este local. É muito legal sentir a união que ainda reina entre os irmãos e, principalmente, em ver que somos tão bem recebidos. Realmente é uma família e um lugar que sempre fez e sempre fará parte de minha vida.

Abração forte pra Anginha, Sílvia Helena, Silvana, além é claro, de um tal de Patetão!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

ESCRITA



Poesia - Jorge Marin

A escrita automática vem do fato de o olfato não ser capaz de captar, vem da obsolescência da ciência em pautar o visto dos olhados de acordo com os acórdãos estabelecidos. Criar não vem a ser o imponderável, criar é como qualquer palito de fósforo riscado, quem não o fizer, saberá que é possível.
Na ótica dos caóticos, quem tem falo fala mais que o que se submete aos mentecaptos. Incapaz de decifrar as frases feitas, os virtuaróglifos, recorrem a receitas bombásticas de aparatos nucleares, na verdade tudo não passa de artesanatos sem atos autenticados.
Ulisses sabia de cor os signos e capitalizava luares como qualquer moderno entrepaneur. Descia aos infernos com Aligueri e, de uma forma absolutamente sincera, derramava lágrimas que, coloridas, jamais seríamos capazes de produzir em sã consciência.
Os espíritos saíam de seus casulos e empreendiam recitais de tal dismorfia que os pensamentos congelavam e caíam, um a um, no chão, despencados, ou despensados, numa tsunami desumana que juntava restos de comida a ofídios insidiosos e a largas porções de fluoxetina fresca.
A escrita autofálica vem do hálito gélido de correntes intravenosas. Títeres manipulados por cordões umbilicais jamais poderiam explicar os dogmas pragmáticos da vontade. A filosofia dos stradivarius é tão tensa que viola as linhas autóctones dos apóstolos de profetas iluminados (a neon?)
A escrita automágica dos evangelhos vem dos credos pressurizados das naves das catedrais dramáticas do século XIV. Jamais haverá poeta, anjo ou michelângelo com asas capazes de vivenciar passos compatíveis com as melodias de quem amadeus.
Presos aos compromissos de suas próprias presas, a escrota autofágica dos pós dos pós-modernos é certa: não se curve para degustar as iguarias dos depredados. Machucados, cegos por egos intumescidos, ei-los pelas cidades, nas escadas retrôs dos metrôs, no pátio monolítico dos estádios, ou nos reflexos dos espelhos espalhados pelas telas cristalizadas das televisões.
Enquanto isso, a chuva continua desbarracando os barracos.

sábado, 10 de abril de 2010

ORIGENS



O BARRACÃO DO SR. ANGINHO - Capítulo 4

(Artigo - Serjão Missiaggia)

As primeiras oficinas, que vieram anteceder a grande Transtec, sempre foram super-divertidas. Eram montadas em diversos cômodos do terreiro.
Lembro de quando Silvio Heleno ganhou seu primeiro Omiter. O Omiter é um aparelho de testes, um amperímetro, e foi um mega-presente de sua tia Antônia, mãe do Fernando. Valeu até uma musiquinha em homenagem ao aparelho. “MEU BOM TESTE”
Muitas dicas e alguns macetes, enquanto convivi com o dia-a-dia de cada oficina, pude aprender sendo que, muitas dos quais, pude até colocar em prática mais tarde, quando comecei meu próprio negócio. Por exemplo: defeito intermitente, garantia somente daquilo que faço, o aparelho está em teste etc etc... Por sinal, o último é o meu preferido, pois consiste em uma bela estratégia, quando um mau pagador aparecia repentinamente, tentando levar o aparelho para pagar depois.
Certa vez, Silvio Heleno, para fazer agrado a um freguês, pediu-me que passasse bastante Palum (preservativo de madeira a base de óleo de creosoto) na caixa da televisão. Caixa esta que estava infestada de cupins. Eu, como bom amigo que sempre fui, mais que depressa peguei um velho pincel que mais parecia uma brocha, e mandei bala. Gastei quase uma lata do referido líquido.
Dei tanto capricho naquela caixa que, de tonalidade meio amarelada, o trem ficou marrom escuro. O negócio era agradar o freguês de qualquer jeito.
Já no outro dia, imaginando que iria até mesmo receber uma boa gorjeta pelo belo trabalho que havia feito, eis que chega a freguesa pra buscar o aparelho.
A “Veia” só faltou nos matar. Achei que iria desmaiar de tanta raiva. Exaltada, ficava a gritar, perguntando como poderia ficar dentro de uma casa convivendo com aquele cheiro (mistura de óleo queimado com asfalto). Pior que ela exigiu que retirássemos tudo.
- Mas como minha senhora! Agora somente com o tempo! O que entra na madeira não tem jeito de sair!
Tentávamos, em vão, convencê-la de qualquer jeito. Nem mesmo aquela velha tática de que o defeito teria sido intermitente, e que daria total garantia daquilo que havia feito, não comoveu a mulher. Até a roupa da coitada começou a feder a óleo queimado. Foi um Deus nos acuda e verdadeiro caos. Confesso não me lembrar do desfecho desta história pois, enquanto a coisa ia cada vez mais “pegando fogo”, fui rapidinho dando um jeito de cair fora.
Se fosse com o velho Anginho, este provavelmente teria dito: “E tem maisss... Palum na caixa dessssta “Veia” nunca maissss!”
E por falar em Sr Anginho, ele vivia também nos perguntando por que, juntamente com Silvio Heleno, não procurávamos um belo trabalho ou algo pra fazer pois, de preguiçosos, o mundo estava cheio.
Já na adolescência, foram ainda mais numerosos os casos ali acontecidos.
Chegamos até a construir uma rádio AM clandestina. Se bem que, o máximo que o sinal alcançava, era pouco além do portão dos fundos do Mangueira.
Mas há casos mais interessantes ocorridos na oficina, e um deles, beirando a tragédia, com lances de incêndio e explosão, será relatado na próxima semana, na última parte destas memórias. Aguardem!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

SOBRE A VAIDADE



Crônica - Jorge Marin

Na semana passada, na matéria sobre a infância, falei sobre a chamada “vaidade boa”, como se tal comportamento pudesse ser assim considerado. Ontem, assistindo ao filme “Chico Xavier – o filme”, descubro que até o velho Chico, quem diria, também ele, era vítima deste mesmo pecado, a vaidade. Machado de Assis dizia que “a vaidade é um princípio de corrupção.”
O fato é que, para o DSM IV, que o é o Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais, estamos falando do Transtorno de Personalidade Narcísica, uma doença portanto, que é definida como: um padrão invasivo de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia, que começa no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos.
Se é uma doença, não deve poder ser “boa”. Mas, logicamente, as pessoas vaidosas tendem a afirmar que exibir as próprias conquistas, seja no campo profissional, amoroso ou esportivo, é algo legítimo, pois o mundo atual é muito competitivo e que tudo não passa de marketing pessoal. Porém, uma coisa é reconhecer, para si, o seu sucesso. Outra, completamente diferente, é ser dependente do “julgamento” dos outros. E fazer qualquer coisa para obter esta aprovação.
Como resultado, um grande número de pessoas vive se comparando com outras e, como na maioria das vezes, se sente inferiorizado, principalmente devido aos altos padrões impostos pelas mídias vigentes, se sentem perdedores. Cada qual se sente humilhado no reality show do exibicionismo, no qual se transformou nossa vida cotidiana.
Como se não bastasse o mundo de aparências em que vivemos enredados, achando que somos assim ou assado, estamos conseguindo nos escravizar também em relação às opiniões alheias, tanto reais como virtuais. É comum em qualquer programa de televisão, ou na maioria das revistas, a citação da “dieta” como uma instituição universal, ou seja, estamos todos obesos e o prazer de comer um ovo de Páscoa veio, na maioria das matérias, com a recomendação de não se descuidar dos exercícios, para compensar os excessos.
A pessoa que mencionou a expressão “vaidade boa”, citada por mim na quarta-feira passada, era a mãe de uma garotinha de 9 anos, levada a um spa para, nas palavras da criança, “perder um quilo”, baseada em não sei que estatística. A mãe apoiava a tese da filha que, no luxuoso estabelecimento, submeteu-se, sob orientação de nutricionistas, a uma dieta, pasmem, de 800 calorias.
Em Juiz de Fora, e imagino que nas cidades vizinhas, têm aparecido médicos, normalmente de outras especializações, fazendo cirurgias plásticas, abdomnoplastias, lipoaspirações e outras, por preços reduzidos, já que não se trata de um cirurgião plástico. O que é curioso é que os pacientes, normalmente mulheres jovens, se submetem a estas intervenções, mesmo sabendo que o profissional não é um cirurgião regularmente habilitado e mesmo que tenha acontecido algum tipo de problema com outras pacientes anteriores.
O curioso é que estes novos dotes físicos, mais do que um aperfeiçoamento estético, são usados como um tipo de “vingança” contra o sistema, passando os operados a exibi-los como arma para seduzir e conseguir atingir, a qualquer preço, seu objetivos narcísicos.
A sexualidade passa, então, a ter uma conotação exclusivamente de competição. No último reality show exibido, as tão decantadas diversidades sexuais transformaram-se em gritos de guerra entre tribos, que se retalhavam via Twitter.
No lugar do carinho, o que se vê é exibicionismo; no lugar do desfrute, a performance e, no lugar do amor, só a vaidade e a competição, como se o mais importante fossem as qualidades que alguns – os mais fortes, ou os mais belos – podem ter. Ao invés de nos transformarmos no homo pós-sapiens, com padrões mais evoluídos de disciplina, caráter e maturidade emocional, estamos retornando à condição de dinossauros, gigantes, majestosos, fortes e, ao mesmo tempo, a um passo da extinção.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

ORIGENS



O BARRACÃO DO SR. ANGINHO - Capítulo 3

(Artigo - Serjão Missiaggia)

Foi neste barracão que, certa vez, tivemos a louca ideia de adaptar uma corneta de caminhão na bicicleta do Silveleno (se bem que ainda acho que aquilo tava mais pra buzina de locomotiva!). Era tão possante que, para ativar aquela coisa, tivemos que improvisar um baita tanque de ar comprimido. Até aí nada de mais, até que chegou o momento de prendê-lo na bicicleta. Tentamos de todas as maneiras encontrar uma forma de instalar aquele monstro na garupa mas, devido ao seu tamanho, não tinha como fixá-lo. Foi aí que entrou em cena o otário que agora vos escreve. Como não tinha mesmo jeito, tive, como única opção, de ir sentado em cima do tanque, procurando a todo custo travá-lo com as pernas. Mesmo ficando com metade do meu traseiro do lado de fora.
Desta forma, após passar pelo posto de gasolina e dar aquela carga máxima ao tanque, saiamos pela rua assustando todos que víamos. Subíamos no passeio e, após aproximar bem de cada vitima, dávamos aquela buzinada. O som era tão alto que teve uma senhora que quase desmaiou de tanto susto. Foi sacola pra todo lado.
Hoje fico pensando: e se aquilo explodisse? E se aquela senhora tivesse ido dessa para melhor? Enfim...

Havia também a brincadeira do telefone.
Quem já passou um trote ao vivo e em cores? Era bom demais!
Isso sempre acontecia quando ficávamos na casa do Silvio, escondidos na sala, atrás da porta, discando sem parar, para o posto de gasolina. O que mais gostávamos era poder estar vendo, a menos de dez metros da gente, a reação do pobre frentista que, furioso, quase sempre saía chutando tudo que via em sua frente.
Certa vez perguntamos se havia gasolina, ele prontamente nos disse que sim:
- Podemos ir aí então dar uma cheiradinha? – perguntamos.
E o cara, de tanta raiva, só faltava quebrar o telefone.

Pobre Sr. Anginho. Hoje tenho um enorme sentimento por ter contribuído pelo não êxito de seu comércio.
Quantas e quantas latas de Leite Souvenir, pêssego em calda, latas de feijoada, sardinha, além de quilos e mais quilos de amendoim, queijo parmesão e outras coisa mais, que devorávamos escondidos naquele depósito. Isso pra não falar das guerras de papel higiênico. Parecia batalha de confete, onde rolos e mais rolos passavam sobre nossas cabeças feito serpentina. Detalhe: Silvio Heleno dava as ordens e nós, como amigos fieis que sempre fomos, simplesmente acatávamos. Ou melhor, comíamos tudo.
Por ironia do destino, anos depois, este lugar se tornaria o local de ensaio do Pitomba

Nosso Cine-teatro SERSIL era um caso a parte.
Tudo começava com a projeção de filmes numa pequenina máquina a manivela. Coisa rara pra época. As seções eram feitas num daqueles quartinhos que ficavam próximo à escada da cozinha. Por sinal, sempre eram projetados os mesmos filmes e quase sempre eram as mesmas pessoas que iam assistir (um trator arando a terra e outro que me foge agora da memória)
E quando arrebentava o filme? Pelo menos umas dez vezes por seção. Mas as vaias faziam parte do show, pois nos faziam parecer que era cinema de verdade. O negócio era não parar de tocar a manivela.

Não sei por quê, mas teve um dia que, só pra sacanear, rasguei todos os ingressos. Silveleno, numa fúria sem fim, saiu correndo atrás de mim igual a um leão faminto. Passamos pelo posto de gasolina como um foguete, ao olhar de todos que ali estavam e que nada entendiam. Somente veio a desistir de me pegar quando já estava já bem próximo de minha casa.
O teatro era ainda mais interessante.
Fazíamos um picadeiro com arquibancada e tudo, em numa caixa de areia que ficava no fundo do quintal. Dantinho, vestido de palhaço com uma calota de caminhão na cabeça e carregando uma velha gaiola, fazia um tremendo sucesso. Eu gostava de contar piada (fracasso total). Renatinho também sempre fazia muito sucesso com as suas acrobacias que, de tão ousadas, chegou a ponto de um dia quebrar o braço. Como grand finale, nosso mágico Silveleno deixava todos boquiabertos com seu enigmático número. Tudo consistia em colocar fogo na água. Quem poderia imaginar que pedras de carbureto eram colocadas no fundo do recipiente? E todos aplaudiam de pé. Durante o show, vendíamos saborosas eugênias. Aquelas mesmas que pegávamos emprestadas, no frondoso pé em que se via somente o rabinho de uma égua. Também vendíamos castanhas. Essas eram colhidas em uma árvore que existia ao lado da antiga rodoviária. No final, fazíamos o caixa e dividíamos o dinheiro fraternalmente. Com o lucro de cada espetáculo, dava pra cada um de nós comprarmos duas a três balas de hortelã no bar do Zé Dias que, na época, funcionava na antiga rodoviária. Já ganhávamos dinheiro com a arte!
Na próxima semana, as primeiras oficinas eletrônicas, os primeiros clientes e a chegada (inevitável) da adolescência.

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL