sexta-feira, 31 de outubro de 2014

MANOEL FLORINDO: UM HOMEM (SANTO) COMO POUCOS


Essa matéria de quarta-feira do Serjão sobre carrinho de rolideira me trouxe à memória a figura inesquecível do meu querido padrinho Manoel da Silva Florindo que, a exemplo do seu Tunin Missiaggia, também fez para mim um carrinho de rolimã sem rolimã.

Aliás, o Padrinho fazia todos os meus sonhos em madeira: espadas e facas sem corte dos mais diversos tipos, tabuleiros e pedras de dama, resta-um, bilboquê, uma exclusiva manivela com oito aros, traves pra um jogo de futebol de botões cujos jogadores meu pai “contratou” na relojoaria do seu Tozatto, e, finalmente, um bodoque que era uma mistura de atiradeira e arco que atirava bolas de barro endurecido, mas que, conhecendo bem a minha personalidade, o Padrinho preferiu não entregar, transformando-o num arco com flechas com pontas rombudas de bambu para atirar nas bananeiras, embora, confesso, sobrava para alguns gatos da vizinhança.

O Padrinho era um dos sacristães do Monsenhor Trajano Leal do Bonfim, o padre cego; o outro era o seu Juquita. Dizem que eles tinham um código com o padre para identificar as moças que iam receber a sagrada comunhão com blusas sem mangas e a quem era logicamente negado o corpo de Cristo. Meu padrinho jurava que o padre sabia e que o seu papel era somente posicionar a patena.

Cientista, meu padrinho misturava remédios homeopáticos, fazia enxertos de plantas, criando espécies híbridas como limão-mexerica e outras das quais não me lembro mais. Além disso, curava gogo de galo, choco de galinha e fabricava um doce de leite de tacho como ninguém.

Quando criança, contava ele, não podendo brincar com os filhos dos patrões pois o seu pai era empregado (feitor de escravos), brincava com os filhos dos negros e fazia questão de comer da comida que eles comiam: um angu de fubá de moinho com miúdos de boi. Talvez essa dieta tenha dado tanta vitalidade ao padrinho que, aos 80 anos, empunhava um regador de cinco litros e regava sua horta fantástica. Na volta, trazia nos dedos uma abelha para tratar do reumatismo da minha madrinha, a dona Doze, com os segredos, doídos, da apiterapia.

Numa certa manhã fria em São João Nepomuceno, no porão da ainda inconclusa sede da Sociedade de São Vicente de Paulo na rua Cônego Reis, o Padrinho foi o único confrade a comparecer à reunião da Conferência de São João. Tranquilo, pegou uma vela, acendeu, colocou uma imagem do nosso santo padroeiro na cabeceira da mesa de reuniões e procedeu normalmente. Na ata, a presença de três pessoas: Vicente de Paulo, João Nepomuceno e Manoel Florindo.

Por isso, foi tão fácil ir para o céu: deitado em sua cama, chamou meu pai, pediu para rezarem um rosário “antes”, meu pai o acompanhou, rezaram, o Padrinho beijou o crucifixo, pediu para guardar o terço e fechou os olhos. Suavemente.

Crônica: Jorge Marin
Foto     : François Marclay, disponível em http://www.francoismarclay.com/jim-wheeler/

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

MEU CARRINHO DE ROLIDEIRA


Tempos atrás, dando uma espiada no Facebook, deparei-me com essa foto acima que muito chamou minha atenção. Mas não foi pelo Pedrão não, por sinal, pessoa esta finíssima, grande amigo da família e mais do que merecedora, e sim pela preciosidade que segurava em suas mãos e acabara de construir.

Essa foto me remeteu a uma época em que pedi a meu pai pra que construísse um desses carrinhos pra mim. Somente não imaginava que a habilidade de meu velho em lidar com madeiras o faria construir algo um tanto exótico, principalmente se comparado aos tradicionais existentes.

Pra começo de conversa, meu carrinho era totalmente em madeira, sendo que as rodas tinham um diâmetro no mínimo cinco vezes maior que os demais. Imaginem vocês a velocidade de uma coisa dessas descendo o morro da Matriz e com o eixo todinho ensebado a óleo queimado? Minha ansiedade era grande para testá-lo, e, mal havíamos apertado os últimos parafusos, já estava morro acima, carregando meu possante nas costas.

Enquanto fazia os últimos ajustes diante dos olhares incrédulos e curiosos dos demais que  lá estavam, alguma coisa parecia querer me dizer que algo poderia acontecer. Naquele dia, deveria haver no grid de largada em torno de meia dúzia de carrinhos, e todos se preparando pra fazer uma descida meio que simultânea. Algo assim como uma discreta corrida pra ver quem chegaria primeiro na esquina da casa da vó Pina. Ou não!

Não sei por quê, mas, na hora H, todos acharam que eu deveria descer sozinho.  Acredito que a maioria estaria imaginando que aquilo nem iria partir, ou na pior das hipóteses, que ficaria agarrado pelo meio do caminho. Somente meu saudoso amigo e profeta Beto Preto apostou que o trem iria voar. E não deu outra!

Partida dada e, com um pequeno empurrãozinho do referido amigo, lá fui eu morro abaixo. Mal havia alcançado dez metros, aquela velocidade anormal já começava a causar certo desespero.  Tentei em vão minhas primeiras manobras pra se travar o freio, mas era tarde demais!  Ao sentir que não havia mais retorno, e como única alternativa seria abortar a descida jogando o carrinho para o meio da calçada, comecei a rezar para que pelo menos nada entrasse na minha frente.

O aquecimento daquelas imensas rodas em contato com o eixo, que também, era de madeira, além de fazer um barulho ensurdecedor, deixava pra trás um imenso rastro e um cheiro insuportável de óleo queimado.  Já com os olhos quase que totalmente fechados, devido à ardência causada pela fumaça, meio que no instinto, ao me aproximar da curva e sentindo que a velocidade alcançada fatalmente me proporcionaria uma bela capotada, “relaxei” e deixei que a força da gravidade ou a gravidade da força me levasse naturalmente ao seu destino.

E assim foi quando, simplesmente, passando reto pela curva e saltando do passeio como um kamikaze desgovernado, atravessei quase que simultaneamente a Rua Cavalheiro Verardo e a Rua Zeca Henriques. Aqueles metros finais quase me deslocaram a mandíbula, tal a tremedeira de queixo no momento do atrito daquelas enormes rodas de madeira com os paralelepípedos bico de papagaio.                  

Mesmo tendo este detalhe contribuído bastante para reduzir a velocidade, não impediu que eu batesse de frente com a varanda da casa do Fontenelle.                                                                                                       
Pra trás apenas um rastro imenso de fumaça, cheiro de óleo queimado, pessoas assustadas nas janelas e muita vibração dos retardatários. Além, é claro, de um enorme rabisco de borracha de freio no passeio, parecendo querer mostrar que voltar a velha prancheta seria mais que necessário. E, se possível, com um bom amortecedor.

Mas, o melhor estaria ainda por vir no outro dia, quando meu amigo e profeta Beto Preto teve a infeliz ideia de descer na minha garupa. Uma tragédia!

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto     : Facebook do Pedrão Rezende

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

CASOS CASA(RÕES) & detalhes misteriosos


QUEM CONHECE ALGUMA HISTÓRIA SOBRE ESSE CASARÃO ???

CASARÃO DA SEMANA PASSADA: Marcelo Oliveira reconheceu a casa do sr. Pimpa.

Alfaiate por muitos anos, o sr. Joaquim Monteiro Silva foi uma das figuras históricas mais simpáticas do município. Além da sua profissão original, o sr. Pimpa era um dos maiores batalhadores dos produtores rurais de São João Nepomuceno, atuando em diversas associações de classe. Foi diretor-presidente da nossa Cooperativa Agropecuária e Industrial por 8 anos, de junho de 1973 a março de 1981. Não há sanjoanense do século XX que não conheça um certo Chevette verde que foi, por longos e longos anos, o carro do Sr. Pimpa.

Foto: Serjão Missiaggia.

CASOS CASAS & mistério???


QUE LUGAR É ESSE AÍ ???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA: o Nilson Magno Baptista foi o único a reconhecer a casa do Largo da Matriz de onde foi tirada a foto. Segundo ele, aquela casa foi onde residiu o sr. Wolney Protazio e família. A "famosa" foto do Pitomba (com Serjão, Sílvio Heleno, Neli e Dalminho) foi bem em frente a essa casa.

Foto: Serjão Missiaggia.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

DE VOLTA PARA O PRESENTE


Quanto mais estudo, mais me convenço de que o maior filósofo de todos é mesmo o Lulu Santos, quando afirma “nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia”.

Alguns chatos podem objetar, dizendo que isso é uma transcrição do filósofo Heráclito, mas, a favor de Lulu, tenho dois argumentos incontestáveis. Primeiro é que ele é melhor guitarrista do que aquele pré-socrático e, em segundo lugar, com certeza o grego não tinha uma mulher com o nome de Scarlet Moon de Chevalier. Eu mesmo, se fosse casado com ela, jamais diria me chamar Jorge, mas marido da Scarlet Moon.

Quanto ao pensamento dos dois, poderíamos dizer que é a própria síntese do nosso BLOG, embora muita gente pense ao contrário. Afinal, um blog que lembra os “bons tempos” do Pitomba, pode sugerir que aqueles tempos eram melhores do que os tempos de hoje. Ou não?

Pois vai aí mais filosofia, e eu não me lembro de quem: não existe uma coisa mais nociva para uma vida de qualidade, do que viver no passado ou no futuro. E é verdade: pessoas que passam o tempo atual apenas pensando: “ah, no meu tempo é que era bom”, “por que é que eu não fiz aquilo?” ou mesmo “dias melhores virão”, viajam na maionese temporal e, simplesmente, não vivem a vida, que, como se sabe, é aqui e agora.

Mas, então qual é essa onda de “curtir o passado numa boa” como diz o Blog do Nilson Baptista? Como essa também é a NOSSA onda explicamos: houve um tempo, há quarenta anos, ou vinte, ou dois meses ou até dez minutos, que gostaríamos que tivesse se eternizado. São coisas deliciosas, engraçadas, loucas, ou fantásticas que gostaríamos que não tivessem terminado nunca.

É a festa na casa do Márcio Velasco, o jogo Brasil x Itália na Copa de 70, o show do Genesis, ou coisas bem mais prosaicas, como o brownie que a minha mulher fez para o meu aniversário, ou a foto do meu filho num outdoor na porta do colégio. Tudo isso são eventos do passado que, no entanto, NÃO nos remetem ao passado, mas SIM estão presentes em nossos corações em forma de um desejo ATUAL: o desejo de que aquilo tudo fosse ETERNO.

Ora, sabemos que não há nada eterno. Porém, essas matérias do BLOG, as fotos, as músicas, volta e meia nos trazem um daqueles momentos mágicos, um daqueles eventos que gostaríamos que nunca tivessem acabado. Túnel do tempo ao contrário, o BLOG NÃO manda ninguém para o passado, mas TRAZ de lá a magia, o belo, o que gostaríamos que estivesse presente AQUI, AGORA, na ponta dos nossos dedos, nos nosso lábios, nos nossos ouvidos e na música do nosso coração... disparado.

Crônica: Jorge Marin
Foto     : Ileana Radulescu, disponível em http://www.deviantart.com/art/The-Past-is-Now-142902230  

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

UM EXEMPLO


Dias desses, ao encontrar-me com determinada pessoa na rua, fiquei pensando: poxa, taí uma baita injustiça de minha parte não ter ainda escrito algumas linhas aqui no Blog sobre este amigo, grande profissional, pai de família e ser humano sem igual, chamado Marco Aurélio Ayupe.
   
Por um bom período, tive o prazer de estar acompanhando bem de pertinho seu trabalho, principalmente em função de ter deixado meu filho em suas mãos, ante o sonho de se tornar um jogador profissional de futebol. Por sinal, descontraídas e emocionantes manhãs dominicais que ficarão, certamente, gravados para sempre em nossa memória. 

Sei, com certeza, que o amigo, mesmo um tanto surpreso com a inesperada decisão de nosso jovem atleta em aventurar-se em novos rumos na vida, foi portador de tamanha sensibilidade, entendendo perfeitamente que temos, antes de qualquer coisa, estar sempre atentos pra tudo aquilo que Deus, sutilmente, tem a nos dizer.

E, se hoje nosso jovem Missí segue feliz da vida, dedicando seu tempo ao trabalho e aos estudos, digo a você, meu caro Marco, que, se por um lado não chegou a formar em toda sua plenitude um craque pra bola, com certeza, ajudou, COM SEU EXEMPLO, a formar a personalidade de um CRAQUE PRA VIDA. Obrigado!

Crônica: Serjão Missiaggia

Foto     : Blog do Fernando de Lelis, http://fernandodelelis2.blogspot.com.br/.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

CASOS CASA(RÕES) & detalhes misteriosos


QUEM CONHECE ALGUMA HISTÓRIA SOBRE ESSE CASARÃO ???

CASARÃO DA SEMANA PASSADA - Luiz Carlos Moura foi o primeiro a reconhecer o Grande Hotel. Eliane Fajardo se lembrou de uma menina "que veio não sei de onde", hospedou-se nesse hotel e, depois de fazer amizade com várias pessoas, desapareceu e nunca mais deu notícias. Curioso que um caso semelhante já foi abordado aqui no BLOG na crônica "O beijo biológico".

O nosso irmão pitombense Márcio Velasco também conta algumas curiosidades. Segundo ele, durante as filmagens de "Rainha do Rádio", de Luiz Fernando Goulart, ele foi chamado para ensinar uma atriz a "tocar" violão para uma cena do filme. Pelas informações, parece que a atriz era Beyla Genauer. No elenco do filme, alguns conhecidos, como Fernando Leiva, o nosso Fufu.

Segundo o Márcio, desde meados da década de 1990, o local tornou-se a sede da Comunidade Cristã Evangélica, onde ele também teve oportunidade de usar o seu grande dom, a música para louvar e adorar o Senhor Jesus.

Foto: Serjão Missiaggia




CASOS CASAS & mistério ???


DE ONDE FOI TIRADA ESSA FOTO AÍ ???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - A casa da Rua do Descoberto não foi reconhecida nem pelos nossos maiores experts (Maninho Sanábio e Luiz Carlos Moura). No entanto, talvez por passar perto da casa, o Carlos Antônio Zampa acertou, bem como o Antônio José Calegaro.

Foto: Serjão Missiaggia.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

O LIVRO E A INDIGESTÃO


Antigamente, eu achava que, para ser feliz, tinha que dirigir um cadillac. O homem não tinha, ainda, ido à lua, e eu não tinha muita noção sobre esse negócio de espaçonaves. Caía uma chuvinha fina em São João Nepomuceno no dia da minha primeira comunhão e, de repente, me deu uma curiosidade danada sobre aquela coisa de morder a hóstia e sair sangue.

Desci magnífico em calção branco e camisa de tricoline pela ladeira da Igreja do Rosário, morrendo de fome. O jejum, que às vezes era social por aquelas bandas, havia sido canônico, mas me prometeram um pão de creme da Padaria do Totó.

Pai e mãe, empertigados em suas roupas de domingo, me traziam pela mão como quem conduz um príncipe para a cerimônia de coroação. O tempo úmido roubava um pouco da minha paisagem, mas cumprir aquele desejo dos pais era tão bom que quase esquecia que eu era eu e achava que fazia parte dos salmos.

Minha vida sempre foram mandamentos cumpridos, seguidos de uma chuva e de um pão de creme com claybon. Mas aí, de uma hora pra outra, comecei a ler o tal livro do Nietzsche e aí, meu amigo, ser feliz ficou mais difícil do que subir a escadaria do São José. O maldito filósofo, de uma só vez, me fez vomitar pão de creme, claybon e todo o resto que havia no estômago. Foi em abril.

Poesia: Jorge Marin
Foto    : Erich Ferdinand, disponível em https://www.flickr.com/photos/erix/

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

A DANÇA DOS TALHERES


Ultimamente, venho observando muito este vai e vem dos talheres que tem ocorrido aqui em casa.  Por sinal, fato este que também acredito acontecer na maioria das famílias.

Acho até que, pelo simples fato de nunca termos tido uma auxiliar doméstica e por eu ter me prontificado a exercer esta nobre missão de estar sempre colocando os talheres na mesa, tenha despertado tanto minha atenção.

Para ser sincero, acho mesmo que este vai e vem dos talheres, que quase sempre nos pega numa idade meio que assim, digamos, não muito jovial, oferece uma excelente oportunidade de estarmos utilizando um pouquinho mais nossos neurônios, ou seja, uma melhor noção de matemática, tempo, espaço, memória e por que não, também outros processos cognitivos.

Geralmente, tudo já começa no início do casamento quando a rotina das duas unidades deixa, por um bom tempo, nossos neurônios um tanto acomodados e preguiçosos. Período dos pares, onde dois pratos, dois talheres, dois copos, por sinal geralmente idênticos, ditam o dia a dia do casal.  E este marasmo psicomotor vai se perpetuando por um bom tempo até que, com a chegada do primeiro filho, a coisa começa a mudar.

E foi o que ocorreu comigo, quando, repentinamente, tive que começar a exercitar o número três, ou seja, três pratos, três talheres, três copos, além, é claro, das três xícaras e os respectivos três pires no café. Isso pra não falar das constantes variações de cores e modelos que começavam a surgir. 

Com a chegada de meu segundo filho, mesmo demorando um pouco a me condicionar, fiquei por um bom tempo e, automaticamente, fazendo do número quatro, meu norte, ou seja, quatro pratos, quatro talheres, quatro copos juntamente com as quatro xícaras e seus respectivos pires no café. E as novas cores e modelos iam, cada vez mais, se misturando na mesa e na minha cabeça também.

Daí pra frente, vão surgindo as constantes variantes que sempre acontecem nas chegadas das visitas, dos familiares, nas idas e vindas dos filhos ou mesmo na ausência de alguém.  Se, por um lado, embaralham um pouquinho mais, por outro estimulam sobremaneira novas sinapses.

E assim a vida vai girando, no rodízio das cadeiras e na dança dos talheres.
Hoje serão dois pratos, dois copos...  

Crônica: Serjão Missiaggia

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

CASOS CASA(RÕES) & detalhes misteriosos


QUEM SABE ALGO SOBRE ESSE CASARÃO AÍ ???

CASARÃO DA SEMANA PASSADA - A CASA DA DONA ESMERALDA foi reconhecida, e "curtida" por várias pessoas. Inicialmente, pelo neto Luiz Carlos Moura, que se lembra dos encontros com a vó e informa que hoje lá é a residência do Sebastião Alves de Lima Filho (Bode).

O Nilson Magno Baptista, nosso cronista municipal, antes de falar da casa da Dona Esmeralda, lembrou que aquele "carro preto" ao qual o Luiz Carlos Cestaro se referiu na postagem da Tapuia, era um Chevrolet "Cadillac" do sr. Genaro de Morais Sarmento (pai da Selminha). Quanto ao casarão da Dona Esmeralda Furtado de Mendonça, ele cita que, segundo algumas pessoas mais antigas da cidade, naquele local residiram o "seu" Oscar e a dona Miquita, pais do grande craque Heleno de Freitas, que ali teria nascido.

A Maria Inês Rigolon, também neta da dona Esmeralda, lembra daqueles quintais e terreiros enormes que hoje são parte do Bairro Santa Terezinha, e também confirma a informação dos "antigos" de que ali teria sido o local de nascimento do glorioso Heleno de Freitas.

Foto: Serjão Missiaggia.

CASOS CASAS & mistério ???


QUE PAISAGEM É ESSA ???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA: A casa na subida do Caxangá, em frente à antiga Fábrica de Ferraduras, foi reconhecida pelo Nilson Magno Baptista (que afirmou ser do sr. Henrique sapateiro) e pelo Maninho Sanábio, Eliane Fajardo, Sebastião Luiz Costa, Luiz Carlos Cestaro e Sarimá Detoni.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

O BEIJO BIOLÓGICO


À medida que vamos envelhecendo, percebemos que o corpo é uma coisa maravilhosa. Poderão, maldosamente, dizer: é, a gente só dá valor quando perde. Para esses, eu respondo da mesma forma que meu pai fazia aos sessenta: “o meu corpo está tinindo!”.

No entanto, se há descasos com o corpo, e com a saúde, há também excessos. Hoje, a preocupação com a forma corporal atinge as raias da paranoia, e o descaso com o espírito é total. Embora, no nosso tempo de criança essa proporção fosse totalmente invertida.

Lembro-me que, na confissão para a minha gloriosa primeira comunhão, o padre me disse: “Jorge, lembre-se de que o seu corpo é a morada de Nossa Senhora; nunca se esqueça disso!”. Confesso que, franzino e com meu corte de cabelo “príncipe Danilo”, saí do confessionário meio curvado. Afinal, ter uma inquilina daquele porte era uma tremenda responsabilidade. Foram anos e anos de análise para a reintegração de posse do meu corpo, alienado pelo padre Oswaldo numa manhã de São João na Igreja do Rosário.

Mas, isso é outra história! O que eu quero falar hoje é do beijo. Já houve um tempo, e muitos contemporâneos meus vão se lembrar disso, em que a experiência do primeiro beijo era um acontecimento na vida das pessoas, mesmo dos rapazes. Enquanto hoje em dia, em eventos como Carná-não-sei-o-quê se beija a quilo, ou a metro, NAQUELE tempo, embalados pela cultura, religião ou outras fantasias, achávamos que o primeiro beijo seria... o BEIJO.

Assim foi que, aos quinze anos, o babaca que vos fala encontrava-se num dos bancos do Bar Xodó, ouvindo o Yes executar “And you and I” pela décima-quinta vez, quando chegou ao recinto uma menina morena, bonita, e, sem que ninguém a conhecesse, sentou-se conosco (éramos uns cinco na ocasião) e começou a contar causos e rir das nossa piadas, como se mineira fosse, mas, segundo ela, estava vindo do Piauí, e passeando pelo Brasil.

O fato é que, sem esforço algum diga-se de passagem, conseguimos arrastá-la, no bom sentido, para a Pracinha do Coronel onde as palhaçadas, movidas a hormônios, continuaram a todo vapor até que, numa daquelas brincadeiras de incendiar peido, eu saí da galera e me sentei em outro banco, um pouco à esquerda da cena.

Enquanto a bobeira rolava solta, veio até mim a tal piauiense e, de forma delicada porém decidida, tirou os meus óculos de fundo de garrafa e, antes que eu pronunciasse um “a”, me lascou um beijo molhado na boca. Mas um beijo bem beijado mesmo, daqueles que causam arrepio desde o dedão do pé! Tchau! – falou, e desceu rebolosa ali pelos lados da casa da Dona Glorinha Torres. Custei a achar de novo meus óculos que ela deixara sobre o banco de cimento. A essa altura, meu coração estava a mil por hora.

Sabem o que eu pensei na hora? Nadinha!

Crônica: Jorge Marin
Foto     : disponível em http://www.nahorah.net/noticia.php?n=37150

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

AMAR


Ah... Se todo habitante deste minúsculo planeta tivesse a real consciência de quão rápida é nossa passagem aqui nesta terra de Deus! Quantos pensamentos e atitudes, com certeza, seriam modificados, excluídos ou até mesmo acrescentados em nossa vida! Se, por um lado, o tempo é incrivelmente veloz, implacável e até tão ligeiro quanto nosso próprio ato de pensar, por outro, a “eternidade” material que tanto fascina faz nosso inconsciente, muitas vezes, se deixar enganar.
 
Pra que tanto tempo perdido na busca incessante de um poder que jamais será eterno? Tudo é vento que passa, e, ao nos iludirmos, ficamos cegos e nos separamos até mesmo de nossas próprias identidades.
  
Interesses, invejas, vícios, ostentações, ganâncias, maldades, vinganças... Esses são apenas alguns de tantos outros nefastos exemplos de que, além de ficarem a aniquilar e consumir nosso precioso tempo, vão levando pedaços de nossos tão raros momentos (únicos e insubstituíveis). Tão pequenina é esta nossa passagem por este mundo! Por que, então, deixar escaparem preciosos momentos, e somente AMAR?

Quantos são aqueles que, sufocados diante de uma competição muitas vezes desenfreada, imoral e perversa, se privam de seus preciosos segundos? Sem que percebam, vão se afastando até mesmo do convívio de seu próprio eu. A vida globalizada e tecnológica, muitas vezes, nos induz a correr freneticamente, nos afastando silenciosamente do mundo real que nos cerca. Pequeno, tão pequenino é o tempo. Por que não somente AMAR?

Poderemos, quem sabe, viver cem ou mais anos ou até mesmo, num breve suspiro, em segundos cairmos logo ali. O nosso dia em breve chegará e, diante do criador, nos surpreenderemos ao vermos o tamanho do tempo disponível em vida que reservamos para lembrar, cultivar e espalhar o amor... Possivelmente, bem pouco! É fácil, gratuito, não cansa e... é extremamente prazeroso. Então, por que,  somente, não AMAR?

Valorize seu abençoado tempo! Foi-lhe presenteado por Deus. Retribua, brinque, sorria, acredite, sonhe, compartilhe, ajude. Seja sempre sincero. Sinta em todos e, principalmente, em tudo, a presença do Pai criador, pois ele se encontra até mesmo no sagrado ar que respiramos.

Aproveite a vida e viva feliz. Dê gloria a Deus e jamais se esqueça de: AMAR... AMAR... AMAR... VERDADEIRAMENTE: Amar!

Crônica: Serjão Missiaggia, 10/05/2005.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

CASOS CASA(RÕES) & detalhes misteriosos


QUEM CONHECE ALGUMA HISTÓRIA SOBRE ESSE CASARÃO ???

CASARÃO DA SEMANA PASSADA - A Tapuia, que, segundo o Nilson Magno Baptista, "era a antiga casa do velho Ciscotto, onde morou também o sr. Daniel Knop", foi fotografada com extrema habilidade e sensibilidade pela Gabi (Maria Gabriela Gomes Alves) e reconhecida por vários leitores, como a Aline Costa, a Geruza Renata Souza, a Jô Verardo, o Antônio José Capanga e o Luiz Carlos Cestaro que se lembrou da época em que ali acampou com um grupo de escoteiros. Segundo ele, na época lá moravam a Selminha e a Beth Sarmento que lá moravam com o pai delas, proprietário de um "carro comprido", um Chevrolet preto.

O Maninho Sanábio lembrou-se que naquele local foram realizadas algumas festas com o nome de "Um dia a casa cai", título (infelizmente) meio profético para um local que já foi uma das paisagens campestres mais bonitas de São João.

Foto: Serjão Missiaggia.

CASOS CASAS & mistério ???


QUEM SABE ONDE FICA ESSA CASA ???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA: Muita gente pensou que a torre mostrada, com aquele alto-falante, era da Igreja Metodista, mas, na realidade, era o teto da Igrejinha do São José. Acertaram: Maninho Sanábio, Eduardo Tamiozo e Wagner Guedes.

Foto: Serjão Missiaggia.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

MOMENTO FIDELIX


Às vésperas da eleição, já preparando a minha “colinha” eletrônica... Isso mesmo: antigamente, a gente levava aquele papelzin dobrado no bolso de trás da calça, mas hoje a gente registra tudo no celular. É lógico que, como não aprendi a usar o tal do teclado swype com o meu filho, demorei uns quarenta e cinco minutos pra digitar todos os números. Mas, pelo menos, posso tirar onda.

Mas, como eu ia dizendo, às vésperas da eleição, descubro um fato terrível: consegui atingir o meu grau máximo de liberalidade e me descubro um tremendo reacionário, machão, careta mesmo.

Até hoje, sempre consegui ir envelhecendo, e meio que absorvendo todas as novidades: não tenho qualquer restrição quanto às diversidades de raça, religião ou orientação sexual de qualquer espécie. Se o cara é argentino, chamo para tomar um café, sem problema. Se tem um evangélico, um umbandista e um católico, chamo os três para um joguinho de buraco e ainda empresto a camisa do Padre Fábio de Melo para o crente se disfarçar de católico e o pastor não descobrir.

Quanto à orientação sexual, acho este um assunto tão íntimo que acho que discuti-lo com qualquer pessoa, exceto o seu próprio parceiro ou parceira sexual, seria o mesmo que debater a frequência do funcionamento intestinal, ou perguntar, na lata, qual o valor líquido do contracheque da pessoa.

Pois bem, estou eu no Facebook, lendo aquela bobajada que nós todos escrevemos, quando, de repente, aparece um anúncio ali daquele lado direito onde a maioria das pessoas não olha, mas que, pelo inusitado da oferta, me fez olhar. Dizia o anúncio que eu poderia adquirir pela Internet, nada mais nada menos, do que... cuecas de renda!

Bom, achei que aí a coisa já foi um pouco longe demais. Desliguei o Face e fui curtir a página de Economia quando encontro uma reportagem sobre um negócio de uma empresária de BH que está fazendo o maior sucesso: justamente, para o meu desespero a tal confecção de... cuecas de renda! Pensei: se essa confecção continuar presente assim na mídia, vai acabar indo para o segundo turno com a Dilma.

Não tendo mais saída, leio que a empresária disse estar explorando um importante nicho negocial, pois, segundo sua pesquisa de marketing, muitos homens usam calcinhas, o que é anatomicamente desconfortável. Segundo ela, o público-alvo é composto basicamente por gays, porém (e isto me preocupou!) atinge também uma faixa de heterossexuais.

Portanto, vou logo avisando: cuecalcinha, tô fora! Se a mídia continuar mandando essas mensagens de calcinha de renda para o meu pc, eu viro conservador. Cuidado! Eu curto a página do Taliban no Facebook! Sou capaz até de votar no  PRTB!

Crônica: Jorge Marin
Foto     : frame do filme “This is the Army, Mr. Jones” disponível em http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/98/This-Is-The-Army_gals_(Broadway).jpg

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

YES, AINDA TEMOS OUVIDOS!


Ao observar a facilidade com que meu filho vinha fazendo downloads de músicas para aprender no violão, caí na asneira de pedir, num daqueles surtos nostálgicos próprios dos cinquentões, para gravar pro véi algo que não escutava há quase quarenta anos, ou seja, um clássico que, pelo menos pra mim, ainda hoje considero ser uma das maiores obras de uma banda de Rock Progressivo de todos os tempos: “CLOSE TO THE EDGE” do YES, aquele famoso vinil de encarte verde.

Confesso que foram os minutos mais longos de minha vida, aguardando pacientemente que meu provedor “tetragiga” completasse o download.
Desta forma, já um tanto cansado de andar de um lado ao outro da casa, deitei no sofá e, como criança, fiquei ansioso aguardando apenas que o filhão pudesse dar o sinal e anunciasse que tudo havia dado certo.

Num breve momento de cochilada, achando até que estava sonhando, comecei a perceber que, de repente, um órgão (hoje se diz teclado), que mais parecia um daqueles harmônios tubulares do século passado, começou a acalentar meus ouvidos e a invadir cada espaço da casa.

Foi aí que percebi o quão modestas eram minhas lembranças tão positivas desse conjunto (hoje se fala Banda) e a lamentar pelos jovens de hoje, muito dos quais amantes de uma boa música, não terem conhecido tantas e fantásticas Bandas: Genesis, Pink Floyd, Triunvirath, Rick Wakeman, Supertramp, Jethro Tull e muitas outras... Nossa geração foi superprivilegiada. Assim entendo!

Meu filho, não menos admirado, aumentou o volume do PC e ficou atentamente ouvindo cada passagem. Uma verdadeira peça musical divida em atos distintos e interligados e contados em exatamente 18 minutose e 40 segundos. Acho até que ocupava um lado inteiro do referido LP. Enfim, arranjos alucinantes, que iam se desenvolvendo, nos arremessando cada vez mais dentro da beleza do vocal, dos ritmos truncados e dos sons espaciais. Tudo dentro de uma melodia e sonoridade de beleza rara.

Interessante que, ainda hoje, ao fazer uso de meu modesto conhecimento musical, continuo a surpreender-me com a progressão e ousadia de seus arranjos. Como coisa de outro planeta e saindo sempre por tangentes improváveis e mágicas, seguiam brincando com a melodia, nos conduzindo a viagens incríveis e imaginárias.

Por sinal, melodias ricas e belas que, se hoje fossem desfilar nos automóveis à noite pela calçada, não ROUBARIAM nosso sono e muito menos fariam TREMER nossas portas e janelas. Muito pelo contrário!

Crônica: Serjão Missiaggia

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL